RS decreta emergência em saúde pública por aumento de doenças respiratórias e hospitalizações infantis

Com 4 mil internações e 305 mortes por SRAG em 2024, governo gaúcho investe R$ 20,8 milhões em plano emergencial para reforçar atendimento no SUS.

O governo do Rio Grande do Sul decretou emergência em saúde pública nesta segunda-feira (19/5), diante do expressivo aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente em crianças. O decreto, assinado pelo governador Eduardo Leite, será publicado no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira (20/5) e terá validade de 120 dias.

A decisão ocorre em um cenário de superlotação nos serviços de emergência e risco iminente de colapso da rede hospitalar, principalmente no atendimento pediátrico. Até o momento, o Estado já registrou 4.099 hospitalizações por SRAG em 2024, com 305 mortes, conforme dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). Do total, 1.374 internações e 10 óbitos ocorreram entre crianças menores de cinco anos.

Foto: Governo do estado do Rio Grande Do Sul

Vírus respiratórios pressionam o sistema de saúde

O surto é provocado por uma combinação de vírus, como influenza (gripe), covid-19 e vírus sincicial respiratório (VSR). Só a gripe já causou 526 hospitalizações e 43 mortes este ano no RS. O VSR foi responsável por 495 internações, sendo 95% em crianças pequenas.

O número de hospitalizações por SRAG quase triplicou em poucas semanas. Na Semana Epidemiológica 14 (de 31/3 a 5/4), foram registrados 194 casos. Na Semana 18 (28/4 a 3/5), esse número subiu para 392, e, na Semana 19 (4 a 10/5), chegou a 451 internações. Os dados da Semana 20 ainda estão sendo consolidados.

Medidas emergenciais e reforço financeiro

Com o decreto, as redes hospitalares que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) deverão priorizar ações emergenciais, como a ampliação de leitos clínicos e de UTI, especialmente voltados para pacientes com síndromes respiratórias. A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, explicou que a medida busca garantir suporte ventilatório e evitar o colapso da rede hospitalar.

Paralelamente, a Operação Inverno Gaúcho com Saúde, lançada neste mês, contará com um investimento de R$ 20,8 milhões para fortalecer a assistência nos municípios:

• R$ 13,65 milhões para a Atenção Primária, incluindo ampliação de horários das UBSs, contratação de equipes e compra de insumos (inclusive vacinas);

• R$ 7,15 milhões para as UPAs, com repasses entre R$ 70 mil e R$ 150 mil, conforme a média de atendimentos em 2024.

Os recursos serão pagos entre os dias 30 de maio e 30 de junho, e os valores variam de acordo com o porte populacional dos municípios beneficiados.

Sistema sob alerta

Além da pressão causada pelas SRAGs, o RS também enfrenta a epidemia de dengue, o que agrava ainda mais a situação dos serviços de saúde. O governo estadual alerta que a circulação simultânea de vírus respiratórios e o avanço do inverno aumentam o risco de saturação do sistema, exigindo medidas rápidas e coordenadas.

A Secretaria da Saúde manterá atualizações constantes sobre a situação por meio do painel epidemiológico, e reforça a importância da vacinação, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.