Onda de ataques de cães a ovelhas alarma produtores no RS e causa prejuízos milionários
- Redação
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
Rebanhos inteiros estão sendo dizimados por cães soltos em áreas rurais; produtores abandonam a ovinocultura e cobram ações urgentes das autoridades.
Produtores rurais do Rio Grande do Sul vivem momentos de apreensão com uma nova ameaça aos seus rebanhos: ataques violentos de cães soltos que têm dizimado ovelhas em diversas regiões do estado. A situação tem causado prejuízos milionários e já levou diversos criadores a abandonarem a ovinocultura.
Em São Gabriel, o produtor Alex Silveira desabafou nas redes sociais após um ataque ocorrido em 23 de junho. “Uma ovelha, quatro cordeiros, seis galinhas: esse é o saldo de gente irresponsável que cria cachorros aos montes”, escreveu. Ele relata que uma cadela com filhotes atacou propriedades da vizinhança, matando até 16 ovelhas em um só caso.
Na localidade de Rincão dos Marques, em Canguçu, outro episódio preocupante: em 19 de junho, 15 ovinos, sendo sete prenhes, foram mortos por cães. O dono da propriedade, o advogado Eduardo Storniolo, estima prejuízo de R$ 7,5 mil. Ele afirma que já identificou o dono dos animais e pretende entrar com ação judicial por danos.


Segundo relatos, muitos desses cães são oriundos de caçadas, abandonados ou perdidos, e passam a vagar pelas áreas rurais, formando grupos que atacam rebanhos. Em São Martinho da Serra, o presidente do Sindicato Rural, João Augusto Nascimento, afirma que acumula perdas de R$ 500 mil em três anos. “Produzo genética há 32 anos e nunca vi algo assim”, lamenta.
Em Cambará do Sul, a situação se repete. O produtor Roberto Trindade contabiliza mais de R$ 40 mil em prejuízos desde o ano passado. “São muitos cachorros soltos. Já perdi mais de 40 ovelhas”, afirma.
Diante do cenário alarmante, muitos produtores estão desistindo da atividade. Um ovinocultor da Fronteira Oeste, que preferiu não se identificar, relata ter perdido 30 animais em apenas uma semana. Ele denuncia a falta de controle e o excesso de cães em propriedades vizinhas, com raças como pitbull, labrador e pastor alemão, sem aptidão para o manejo de campo.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais (Decrab), recomenda que os produtores registrem boletins de ocorrência. Conforme o delegado Heleno dos Santos, os donos dos cães podem responder por crimes como omissão de cautela, dano, introdução de animais em propriedade alheia e maus-tratos. “A situação exige também ações administrativas por parte dos municípios e do Estado”, ressalta.
A Secretaria da Agricultura do RS informou que a responsabilidade sobre políticas públicas relacionadas aos cães cabe aos municípios. Já a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) declarou que ainda não recebeu uma demanda formal, mas se coloca à disposição para debater o tema com representantes dos produtores e autoridades locais.
Enquanto isso, os produtores seguem enfrentando perdas e incertezas, pressionando por soluções rápidas para conter a onda de ataques e evitar a extinção da atividade em diversas regiões do estado.
Fonte: G1 RS
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