MP cancela acordo com casal preso por rifas ilegais no RS e reabre investigação
- Redação
- 6 de jun.
- 2 min de leitura
Gladison Pieri e Pâmela Pavão são suspeitos de explorar jogos de azar e lavar dinheiro. Ministério Público revogou o ANPP após descumprimento de ordens judiciais e novas provas surgirem.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) revogou um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) firmado com os influenciadores digitais Gladison Pieri e Pâmela Pavão, moradores de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O casal, investigado por rifas ilegais e lavagem de dinheiro, foi preso preventivamente na última quarta-feira (4) após descumprir medidas judiciais.
Segundo a Polícia Civil, os dois são suspeitos de manter um esquema de rifas online com prêmios como imóveis, veículos, dinheiro em espécie e até procedimentos estéticos — prática proibida pela legislação brasileira, exceto com autorização específica do Ministério da Fazenda. Além disso, os recursos arrecadados estariam sendo mascarados por meio de contratos de publicidade e repassados de volta aos investigados.
O promotor de justiça Tiago Moreira afirmou que o cancelamento do acordo ocorreu após a divulgação de vídeos nas redes sociais mostrando o casal envolvido em celebrações, como foguetório e casamento, em descumprimento direto às ordens judiciais. "Com isso, houve a reabertura da investigação após ser constatada a ocorrência de diversas atividades ilícitas", declarou.
Mesmo após terem sido libertados sob a condição de se afastarem das redes sociais, a Polícia Civil afirma que Gladison e Pâmela continuaram promovendo rifas por meio de um "perfil de laranja", pertencente a um amigo do casal mas controlado por Gladison.

ANPP e esquema de rifas
O ANPP, recurso jurídico aplicado em casos menos graves e sem violência, havia sido firmado após três reuniões entre o MP e a defesa do casal. Contudo, o comportamento reiterado de desrespeito às determinações judiciais levou à sua revogação. Agora, o MP aguarda a conclusão da nova fase da investigação para decidir se oferecerá denúncia formal contra os influenciadores.
A investigação também revelou que, a partir de 2024, o casal tentou dar aparência de legalidade às rifas ao utilizar uma empresa de títulos de capitalização no modelo “filantropia premiável”. Na teoria, 33,4% do valor arrecadado iria para uma instituição beneficente. Na prática, segundo o delegado Filipe Bringhenti, apenas 2,4% chegavam à ONG envolvida.
Os valores restantes, ainda de acordo com a polícia, eram misturados às receitas de empresas dos investigados, caracterizando possível crime de lavagem de dinheiro.

Defesa nega envolvimento
O advogado André Callegari, que representa o casal, afirmou que a defesa foi surpreendida pela decisão do MP e que não teve acesso completo aos autos, por estarem sob sigilo judicial. Segundo ele, parte das novas investigações se baseia em fatos já arquivados anteriormente. "Uma análise mais profunda demonstraria claramente a ausência de participação do casal", argumentou.
Caso a denúncia seja oferecida e aceita pela Justiça, Gladison e Pâmela se tornarão réus formais e poderão ser julgados pelos crimes de exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro.
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