Lula Recua da Lei da Reciprocidade e Deixa Exportadores em Crise com Tarifas dos EUA e Sanções da Europa
- Redação
- 16 de jul.
- 3 min de leitura
Setor agroexportador brasileiro teme perdas bilionárias após governo Lula descartar retaliação contra as tarifas de Trump e ignorar as ameaças de sanções da União Europeia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu o setor exportador ao anunciar, no último dia 15 de julho de 2025, que o Brasil não aplicará a Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos, apesar das ameaças de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Donald Trump. As tarifas começam a valer em 1º de agosto.
A decisão de Lula causou alarme imediato no agronegócio, que teme um impacto devastador sobre as exportações. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), responsável por 98% da carne bovina exportada aos Estados Unidos, fez um apelo urgente ao governo por negociações para adiar ou reduzir as tarifas. Segundo a entidade, a ausência de diálogo pode colocar em risco 6 milhões de empregos no setor produtivo.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil está disposto a negociar, mas fontes do governo admitiram que Donald Trump ignorou as propostas enviadas há dois meses. Essa falta de resposta aumenta a incerteza no mercado.
Crise se agrava com risco de sanções da União Europeia
Além das tarifas dos EUA contra o Brasil, a crise internacional se intensifica com a ameaça da União Europeia de impor sanções de até 100% sobre produtos brasileiros, como etanol, carne bovina e suco de laranja. Segundo analistas, essa retaliação seria uma resposta à aproximação do governo Lula com o presidente russo Vladimir Putin e à defesa da agenda dos BRICS, que inclui a discussão sobre uma moeda única.
A União Europeia, principal destino do café verde brasileiro – especialmente pela Alemanha –, já sinalizou preocupação com o alinhamento do Brasil à Rússia e à China, aumentando o risco de uma retaliação econômica que pode agravar a crise no agronegócio nacional.
Perdas bilionárias para o Brasil
O impacto das tarifas dos EUA e possíveis sanções europeias é estimado em até US$ 20 bilhões em perdas nas exportações brasileiras até o fim de 2026, segundo relatório do BTG Pactual. Apenas em 2024, o setor de carne bovina exportou 532.653 toneladas para os EUA, movimentando US$ 1,637 bilhão. Com as novas tarifas, o custo da carne brasileira nos supermercados americanos pode disparar, reduzindo a competitividade do produto.
A Minerva Foods, uma das maiores exportadoras de carne do Brasil, calcula que as tarifas impostas pelos Estados Unidos podem causar uma perda de até 5% na receita líquida da empresa.
Dificuldade em redirecionar exportações
O setor produtivo brasileiro alerta que redirecionar as exportações para outros mercados, como a China, não será tarefa fácil. A concorrência com outros países produtores e a saturação de commodities, como o minério de ferro, limitam as opções do Brasil.
Especialistas como Rogério Marin, do Sinditrade, projetam que o Brasil pode perder entre US$ 12 e 17 bilhões por ano em exportações. Isso poderia causar uma retração de 0,6% a 0,8% no PIB nacional e colocar em risco até 612 mil empregos diretos.
Outro fator preocupante é o possível recuo do Investimento Estrangeiro Direto (IED) dos EUA no Brasil. Atualmente, os investimentos americanos correspondem a cerca de 25% do total de IED no país, cerca de US$ 300 bilhões. Uma fuga de capitais pode impactar diretamente a modernização da infraestrutura econômica.
Frente Parlamentar pede ação e teme isolamento diplomático
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), presidida pelo deputado Pedro Lupion, defendeu que o governo esgote as possibilidades diplomáticas antes de qualquer medida mais dura. Segundo Lupion, uma guerra comercial com os EUA traria impacto “ínfimo” para os americanos, mas seria desastrosa para o Brasil.
Analistas políticos também criticam a postura do governo, alegando que o Brasil pode estar se isolando do chamado “mundo livre” ao estreitar laços com regimes como o de Putin. A presença de Lula na Rússia durante o Dia da Vitória, ao lado de Vladimir Putin, foi vista por parte da imprensa internacional como um sinal negativo para a democracia e um movimento arriscado no cenário geopolítico.
Conclusão
A decisão de Lula de não retaliar as tarifas dos EUA contra o Brasil com a Lei da Reciprocidade aprofunda a crise no setor exportador e expõe o país a riscos de sanções da União Europeia. Enquanto o governo aposta na cautela e no diálogo, o agronegócio e a indústria nacional vivem dias de tensão, diante da ameaça de prejuízos bilionários e da possível perda de mercados estratégicos.
Fontes: Agência Brasil, O Globo, Valor Econômico, Estadão, BBC News, entrevistas coletivas do dia 15 de julho de 2025.
Imagem: Lula e Putin na Rússia - Foto: G1
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